25 - Fúria Divina

Padre Pedófilo


Prefiro não ficar pensando muito a respeito, porque acabo me enojando, mas qual o limite para a podridão humana?

Desembarquei naquela que era uma das maiores cidades do mundo, uma verdadeira selva de pedra, para cumprir mais uma missão: exterminar um grupo de pedófilos.

Mais um entre tantos que existem, por mais que eu lhes dê fim esse lixo se prolifera como baratas.

Mas esse grupo tinha um enojante e peculiar ingrediente: um padre estava envolvido.

Como disse, procuro não ficar refletindo muito sobre os pormenores dos casos em que trabalho, apenas faço aquilo para o qual sou pago e vou embora, mas, um padre? Meu estômago revira só de me lembrar.

Infelizmente esse não é um problema inerente aos tempos modernos, casos de membros da Igreja envolvidos com pedofilia sempre existiram, mas antes não havia nenhum Leão atrás deles e essa fera exterminaria tantos quanto ela pudesse.

Cheguei no final da tarde, o céu cinza daquela cidade transmitia tristeza, já havia estado nela outras vezes, inclusive com Rayka, mas o ódio que me consumia não deixava espaço para saudade ou lembranças bonitas.

O trajeto do aeroporto até o hotel demorou mais do que eu imaginava, por causa do trânsito caótico, mas poria meus planos em prática no mesmo dia, conhecia os endereços.

Quando o Sol nascesse novamente nenhum daqueles imundos estaria respirando.

...

O som da pesada porta se fechando soava para o padre Malaquias como um escudo protetor que se erguia entre aquela igreja e o mundo exterior.

Um escudo que o protegia dos perigos e da loucura do mundo moderno. Um mundo habitado por uma humanidade que, por mais evoluída que seja, ainda traz enraizada dentro de si os sentimentos negativos e destrutivos das feras selvagens.

Feras que se deixam dominar por instintos primitivos, depravados, sanguinários, nefastos, que buscam unicamente a própria satisfação.

Enfim a noite chegou e suas obrigações haviam sido cumpridas, a porta se fechou, o escudo foi erguido, ele estava seguro.

- Meu querido Rafael, espero que amanhã esteja melhor... – o prestativo coroinha já se ausentava pelo segundo dia consecutivo, acometido por uma forte gripe, obrigando o padre a realizar as atividades que eram de responsabilidade do jovem.

Igreja escura e silenciosa, Malaquias enfim seguiu para seus aposentos paroquiais onde pelas próximas horas se dedicaria à atividades que não condiziam com sua posição, melhor, não condizem com a posição de ninguém.

O padre Malaquias, aquele que levava paz e tranquilidade aos fiéis, era incapaz de encontrá-la.

Ele deitou em sua cama com o notebook no colo, apagou as luzes e mergulhou, mais uma vez, em um nefasto e secreto mundo doentio.

Escondido em um canto eu apenas o observava, refreando o Leão sedento por sangue.

Lágrimas escorriam pelo seu rosto ao mesmo tempo em que o crescente volume por debaixo da batina revelava sua excitação.

Na tela do notebook, imagens pornográficas de crianças e adolescentes.

Um padre pedófilo, Malaquias era mais um deles, incapaz de resistir aos seus desejos doentios.

Lentamente uma de suas mãos desceu, na ânsia de satisfazer seus instintos bestiais, mas seus olhos se esbugalharam quando me aproximei da cama e ele percebeu minha presença.

- Se divertindo, padre?

- O que está fazendo aqui? Saia, imediatamente! 

Aproximei-me um pouco mais, em silêncio.

 - Não repetirei, saia já daqui! – o desespero tomou conta dele, que fechou o notebook e se levantou da cama.

- Padre Malaquias, é inútil tentar esconder, eu sei o que tem aí.

- Quem é você? Como entrou aqui? Saia!

- Acho que o dia que o senhor tanto temeu finalmente chegou, padre.  – pus-me em frente à porta, impedindo que Malaquias pudesse fugir.

- Como disse? – ele gaguejava.

Estendi uma das mãos e alcancei o interruptor, acendendo a luz, revelando meu olhar cheio de asco e fúria, inundando a alma do padre de desespero.

- “Nobre” padre, eu disse que o dia que o senhor tanto temeu finalmente chegou, quer que eu repita novamente? – eu falava entre os dentes.

- Mas quem é você?

- Já fui chamado de muita coisa. Lindo, querido, gostoso, tesão, guerreiro, mercenário... Prefiro Leão Branco, mas nunca fui chamado de pedófilo, pervertido, escroto, como você merece ser chamado. 

- Por favor, me deixe em paz, saia daqui!! – gritou, desesperado.

- Deixá-lo em paz... não é uma alternativa. Diante de tudo o que vem fazendo nos últimos anos, por que acha que eu deveria fazer isso? Quantas crianças você e seus amigos pervertidos molestaram para que tenham essas fotos?

- Cale-se! Não sabe o que está falando homem, saia já daqui!! – ele gritou.

- Tem razão, talvez eu não saiba mesmo, por que então não me explica, verme?

- Me dê um minuto... – Malaquias apanhou o celular.

- Polícia? Você não vai fazer isso, eu sei...

- Não, cidadão, tem alguém que tem as respostas que você quer... – ele buscou nervosamente um contato em sua lista.

- Fique à vontade.

Via o crescente desespero nos olhos de Malaquias enquanto o celular chamava, mas ninguém atendia.

Não mais que os atos em si, mas a covardia que esse tipo de gente esboça quando os afronto é enervante.

- Padre, não tenho certeza, mas acho que de onde seus amiguinhos pedófilos estão seja impossível atender o celular – Malaquias arregalou os olhos, desesperado – Sim, eu já “conversei” com eles, agora é sua vez.

O padre correu até a escrivaninha e retirou um revolver de dentro da gaveta.

Observei sua atitude desesperada e, com um sorriso sarcástico, balancei negativamente a cabeça.

- Acha mesmo que isso vai ajudar?

Um disparo foi efetuado, mas não atingiu o alvo. Agilmente me esquivei e em seguida desferi um soco em seu peito. Malaquias caiu sobre a escrivaninha, rolou para o chão, aparentemente quebrou o braço e começou a gritar.

- Vá com calma, padre, assim o senhor vai se machucar.  – apanhei a arma do chão e a joguei para um canto. 

Malaquias emudeceu. Talvez pela dor, talvez pelo horror. Bruscamente o ergui do chão pelos colarinhos e olhei dentro de seus olhos, cara a cara.

- É hora de acertar as contas, maldito imundo. – arremessei-o contra o guarda-roupas.

O estrondo do corpo atingindo o móvel ecoou pelo quarto e o horror do padre aumentou ainda mais quando as portas se abriram, revelando sua coleção particular de calcinhas...

Me aproximei e apanhei algumas. Eram de crianças.

- Miserável... – enfiei-as em sua boca, para então desferir uma sequência de chutes no padre caído.

- Pelo amor de Deus, pare com isso, me perdoe!! – implorou, enquanto liberava a boca.

- Deus... um imundo como você, que serve à Ele, ainda tem coragem de usar Seu nome? – desferi mais um chute, ainda mais forte, em sua boca. Dentes se quebraram.

Caminhei pelo quarto, levei aos mãos à cabeça, incrédulo, perplexo com tudo aquilo.

- Por favor, Leão Branco, por Deus, me poupe...

- Não sei quem está certo, Deus, Buda, Maomé ou seja lá quem for, não creio em nenhum deles, o que sei é que essa merda toda que vocês fazem não está certa! São crianças, porra! – dei um soco na escrivaninha, partindo-a ao meio.

Malaquias, caído, ensanguentado, chorava copiosamente.

- Eu sou um doente, eu sei, por favor, me perdoe...

Suspirei, olhei-o com desprezo e o levantei do chão pelos cabelos.

- Doente, não é? Eu te disse, já me chamaram de muita coisa, por vários nomes, mas hoje, pra você, lixo humano, eu sou o “Fúria Divina”.

...

Na manhã seguinte Rafael, o coroinha, enfim restabelecido da gripe, estranhou o fato de a igreja estar fechada, seguiu até a casa paroquial e aquilo que encontrou provavelmente jamais esquecerá.

- Malaquias, meu querido, o que fizeram com você? – o jovem de dezesseis anos chorou, como jamais tinha chorado na vida.

Já embarcava no aeroporto de volta para casa, tranquilo por ter cumprido mais uma missão, mas me perguntando: “Quantos imundos como aqueles ainda respiravam pelo mundo afora?”

Eu daria fim a cada um deles.

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